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Segundo a Diretriz Técnica 1 do CBAN – Comitê Brasileiro de Avaliação de Negócios, fluxo de caixa descontado é metodologia na qual o valor de uma empresa é representado pelo valor presente dos fluxos de caixa livres previstos para o futuro, descontados a uma taxa que reflita o risco associado a esses fluxos.

Por essa metodologia, o valor de um empreendimento equivale à soma do valor presente do fluxo de caixa Livre, incluindo-se um valor de saída ou terminal.

Ainda de acordo com a DT 1 do CBAN, fluxo de caixa livre é o fluxo de caixa de um ativo ou negócio, igual aos lucros após tributos, menos investimentos em capital de giro e despesas de capital, através do desconto da receita, das despesas e dos itens relacionados ao capital exigidos para a operação do negócio.

Uma questão importante é a taxa de desconto. Qual taxa utilizar?

A literatura de finanças e as normas contábeis geralmente fazem referência a uma taxa de oportunidade, por exemplo, a taxa de retorno de um investimento com o mesmo nível de risco do negócio avaliado. A moderna teoria de finanças fornece aos avaliadores ferramentas importantes, como o WACC (custo médio ponderado de capital) e o CAPM (modelo de precificação de ativos).

Outra grande preocupação nos processos de mensuração é a base para projeção dos fluxos a descontar. Ora, estamos falando em fluxos de caixa futuros, em estimativas, então, de que serve a contabilidade, que relata eventos ocorridos no passado? De que serve uma contabilidade que reconhece receitas e despesas no período em que ocorrem, e não no período em que impactam o caixa?

Essa é uma ansiedade que frequentemente tenho que trabalhar com meus alunos do MBA em finanças…

Devo concordar que a contabilidade é imprecisa, e que nem sempre consegue captar eficazmente a essência das transações realizadas no mundo real. No entanto, tem sido uma das principais fontes para alimentar os modelos de avaliação de negócios.

O caixa gerado no passado não é o melhor parâmetro para projetar a geração de fluxos de caixa futuros, mas a contabilidade deve ser capaz de auxiliar nessa previsão.

Imagine uma companhia que não gera fluxos de caixa positivos com a sua operação. O que pode estar acontecendo com essa entidade? Uma possibilidade é o enfraquecimento da operação, com redução de receitas, aumento dos prazos de recebimento e estocagem, redução dos prazos de pagamento, etc. Outra possibilidade é que essa entidade seja um start-up ou uma empresa em alto grau de crescimento. Em qualquer uma das duas opções, o lucro é consumido pelo crescimento da operação.

Nessas situações, o crescimento dos ativos, observado no Balanço Patrimonial, e a evolução das receitas, observada na Demonstração de Resultados, pode demonstrar a um analista a tendência de crescimento dos fluxos de caixa de uma instituição.

Os ativos de uma entidade representam benefícios econômicos futuros, enquanto os passivos representam obrigações presentes ou, de outra forma, sacrifício de benefícios econômicos.

Assim, embora imprecisa, a contabilidade atua em um estágio anterior à avaliação de negócios. Ignorá-la é uma bobagem, a menos que se possua uma alternativa melhor, o que, em situações normais, é bastante difícil.

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